Câncer de tireoide: o que é, sintomas e tratamento

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  1. O câncer de tireoide é uma doença que, apesar de silenciosa, pode ter um grande impacto na vida de quem recebe o diagnóstico.

 

Felizmente, os avanços na medicina têm permitido tratamentos eficazes e taxas de recuperação animadoras. Um exemplo inspirador é o de Helô Pinheiro, a eterna Garota de Ipanema, que enfrentou e superou essa condição com coragem e determinação.

 

Helô descobriu o câncer em julho de 2021, após exames de rotina. Sem sintomas evidentes, a notícia foi um choque, mas ela não hesitou em buscar o melhor tratamento.

 

A cirurgia para remoção do nódulo foi o primeiro passo, seguido por sessões de iodoterapia para garantir a eliminação de células cancerígenas. Durante todo o processo, Helô destacou a importância do acompanhamento médico e dos cuidados com a saúde mental, mostrando que enfrentar a doença exige força física e emocional.

 

Assim como Helô, muitas pessoas podem superar o câncer de tireoide com diagnóstico precoce e tratamento adequado. Portanto, estar atento aos sinais e realizar exames regularmente são atitudes essenciais.

 

Afinal, informação e prevenção são as melhores armas contra essa doença.

Lembrando que o câncer de tireoide pode ser diagnosticado em exames de rotina. Entenda como funciona a doença, quais são os sintomas e tratamentos.

Mas, o que é a tireoide?

A tireoide é uma glândula produtora de hormônios em forma de borboleta que fica anterior a base do pescoço.

Seus hormônios controlam várias funções fundamentais do corpo, como o coração e a frequência cardíaca, a pressão arterial, a temperatura corporal e o peso.

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O que é câncer de tireoide?

Quando as células da tireoide passam por mutações, seu DNA sofre alterações que aceleram o crescimento e a multiplicação, superando a velocidade das células saudáveis. Se o sistema imunológico não conseguir eliminá-las, elas formam um tumor.

 

Enquanto alguns tumores se desenvolvem lentamente, outros avançam de maneira mais agressiva, permitindo que as células invadam os tecidos vizinhos.

 

Além disso, essas células podem atingir a corrente sanguínea ou linfática, espalhando-se para outras partes do corpo e dando origem às metástases.

 

Ou seja, compreender esse processo é essencial para adotar estratégias eficazes de tratamento e controle da doença.

Incidência de câncer de tireoide

Desta forma, sabemos que as novas tecnologias possibilitam a identificação de pequenos cânceres de tireoide que antes passavam despercebidos. A maioria desses tumores não apresenta agressividade.

 

Devido ao crescimento extremamente lento e à ausência de sintomas, esses tumores costumam se manifestar em dimensões reduzidas.

 

Como resultado, há um contraste evidente entre o aumento expressivo nos diagnósticos e tratamentos – impulsionado pela ampliação da detecção e realização de biópsias – e a ausência de uma melhora proporcional nos desfechos a longo prazo.

 

Em certos casos, a cirurgia não oferece vantagens, pois o nódulo identificado não exige intervenção.

 

A ultrassonografia do pescoço frequentemente revela nódulos tireoidianos, detectando-os em aproximadamente 68% dos adultos quando se utiliza alta resolução.

 

Embora a maioria dos nódulos seja benigna, apenas uma pequena parcela dos que passam por biópsia se revela maligna ou demanda cirurgia para obtenção de um diagnóstico preciso.

 

Estudos indicam que, entre os nódulos malignos, aqueles com menos de 1 cm podem permanecer inalterados ao longo do tempo e nunca comprometer a saúde do paciente.

 

Compreender essas nuances é essencial para decisões mais assertivas sobre o tratamento.

 

Cenário no Brasil e no mundo

O câncer de tireoide tem se tornado um tema relevante na oncologia global, especialmente devido ao aumento dos diagnósticos nos últimos anos.

 

No Brasil, estima-se que, em 2023, cerca de 14.160 novos casos tenham sido registrados entre mulheres, tornando-se um dos tipos mais comuns de câncer feminino.

 

 

Globalmente, a incidência do câncer de tireoide também segue uma tendência de crescimento. Estudos indicam que esse aumento está diretamente relacionado ao avanço das tecnologias de imagem, que possibilitam a detecção precoce de pequenos nódulos.

 

Embora muitos desses tumores sejam indolentes e não exijam tratamento imediato, o número de diagnósticos continua a crescer.

 

Apesar da alta incidência, a taxa de mortalidade permanece relativamente baixa. Isso ocorre porque a maioria dos casos envolve tumores de crescimento lento e altamente tratáveis. No Brasil, o câncer de tireoide representa 5,4% dos casos de câncer em mulheres, mas não está entre os tipos mais letais.

 

A abordagem médica para esse tipo de câncer varia conforme o estágio da doença.

 

Em muitos casos, os médicos recomendam apenas o acompanhamento regular, sem necessidade de intervenção cirúrgica imediata. Quando o tratamento é necessário, as opções incluem cirurgia, terapia hormonal e, em alguns casos, iodo radioativo.

 

A conscientização sobre o câncer de tireoide é essencial para garantir diagnósticos precisos e evitar tratamentos desnecessários. Com o avanço das pesquisas e das tecnologias médicas, espera-se que as estratégias de manejo continuem evoluindo, proporcionando melhores resultados para os pacientes.

 

Manter-se informado e buscar orientação médica são passos fundamentais para lidar com essa condição de forma segura e eficaz. Afinal, compreender os dados e estatísticas ajuda a tomar decisões mais assertivas sobre prevenção e tratamento.

Fatores de risco para o desenvolvimento do Câncer de Tireoide

Sabemos que existem alguns fatores de risco que facilitam as chances de desenvolvimento da doença.

 

Veja a seguir:

 

  • Ser mulher aumenta três vezes a chance de desenvolver câncer de tireoide;
  • A exposição a altos níveis de radiação, por exemplo, radioterapia na cabeça ou pescoço para outros tipos de câncer, pode aumentar seu risco;
  • Certas síndromes genéticas hereditárias;
  • Tipos e faixas etárias:
    • O tipo mais comum (câncer papilar da tireoide) pode ocorrer em qualquer idade, geralmente afeta pessoas de 30 a 50 anos;
  • O tipo folicular geralmente afeta pessoas com mais de 50 anos;
  • O tipo anaplásico é muito raro de câncer, geralmente ocorre em adultos com 60 anos ou mais;
  • O tipo medular é incomum, até 30% dos pacientes estão associados a síndromes genéticas que também podem aumentar o risco de outros tumores.

Quais os sintomas do câncer de tireoide?

Geralmente, o câncer de tireoide é silencioso, podendo não apresentar nenhum sinal ou sintoma no início.

 

Entretanto, existem alguns sinais de alerta que podem indicar a doença.

 

Agende consulta com seu médico se você estiver preocupado com:

  • Caroço na tireoide que pode ser sentido através da pele do pescoço;
  • Alterações na voz, incluindo rouquidão ou dificuldade para engolir;
  • Dor no pescoço ou na garganta;
  • Caroços em outras regiões do no pescoço devido ao aumento dos linfonodos acometidos por um tumor.

 

Caso alguns desses sinais apareçam, é importante procurar ajuda médica.

 

Mas, a prevenção também pode ser feita através do exame de Ultrassonografia da Tireoide.

 

Como é feito o Diagnóstico do câncer de tireoide?

O diagnóstico para a descoberta da doença pode ser feito através do  exame físico do pescoço e da tireoide.

 

Além disso, existem exames complementares como o exame de sangue e ultrassonografia ajudam o médico a decidir fazer uma biópsia para remover uma pequena amostra de tecido da tireoide.

 

Em alguns casos, testes genéticos podem ser feitos para ajudar a determinar quaisquer causas hereditárias associadas.

 

Se diagnosticado com câncer de tireoide, vários outros testes podem ser feitos para ajudar seu médico a determinar se o câncer se espalhou além da tireoide e fora do pescoço.

 

Esses testes podem incluir exames de sangue para verificar marcadores tumorais e exames de imagem, como tomografia computadorizada, Ressonância Magnética ou exames de imagem nuclear, como uma varredura de corpo inteiro com radio iodo.

 

 

Como é feito o diagnóstico de câncer de tireoide após detectar nódulo na ultrassonografia ou no exame físico?

Atualmente, a punção aspirativa por agulha fina (PAAF) é o teste prático mais eficaz para determinar se um nódulo é maligno ou se precisa de cirurgia para chegar a um diagnóstico definitivo.

 

Lembrando que é muito importante só investigar o nódulo se ele realmente apresenta critérios de risco, pois como foi falado acima, na tireoide nem todo nódulo diagnosticado como câncer vai se comportar de uma maneira maligna, virar doença e matar um paciente.

 

Por isso é tão importante a avaliação de tamanho e de classificação ultrassonográfico ACR TI-RADS para saber se existe risco de câncer que evolua e que vale a pena investigar um nódulo, pois mesmo se não tiver critério de risco de doença, ele for investigado e o resultado for de um câncer, fica muito mais difícil e complicado para o médico e para o paciente decidirem por evitar a cirurgia.

Qual a importância da ultrassonografia com a classificação ACR TI-RADS ?

 

Podemos dizer que, diferentemente do sistema BI-RADS utilizado para a mama, a sistematização aplicada à tireoide também segue uma escala de 1 a 5, porém o tamanho do nódulo influencia diretamente na conduta médica.

 

Na maioria dos casos, os nódulos tireoidianos detectados por ultrassonografia não exigem PAAF ou cirurgia, pois são benignos.

 

Além disso, os tumores malignos com menos de 1 cm costumam apresentar comportamento indolente ou não agressivo, sem progressão para uma doença mais grave.

 

Desde 2009, diversas sociedades médicas e especialistas têm desenvolvido sistemas de estratificação de risco baseados em ultrassonografia para determinar quais nódulos necessitam de biópsia ou acompanhamento regular.

 

Em 2015, a literatura científica, associada à análise de dados do Programa de Vigilância Epidemiológica e Resultados Finais do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, fundamentou a criação do método ACR TI-RADS.

 

Os especialistas avaliaram os sistemas de classificação já existentes e estabeleceram um método padronizado, confiável e não invasivo.

 

O ACR TI-RADS não tem como objetivo diagnosticar todas as neoplasias malignas da tireoide. Seu foco está na identificação dos tumores que possuem potencial de progressão e risco de levar o paciente a óbito caso não sejam tratados adequadamente.

 

A implementação dessa abordagem visa otimizar o manejo clínico, reduzindo procedimentos desnecessários sem comprometer a segurança do paciente.

Biópsia (PAAF)

O ACR TI-RADS estabelece critérios específicos para a realização de biópsias, considerando a probabilidade de malignidade biologicamente significativa e os limites de diâmetro máximo dos nódulos.

 

  1. Para alta suspeita (ACR TI-RADS 5), recomenda-se a biópsia apenas quando o nódulo atinge 1 cm ou mais.
  2. Em casos de risco moderado (ACR TI-RADS 4), a indicação ocorre apenas quando o tamanho chega a 1,5 cm ou mais.
  3. Quando o risco é baixo (ACR TI-RADS 3), a biópsia deve ser realizada apenas em nódulos de 2,5 cm ou mais.

 

Além desses critérios, a decisão de realizar a PAAF deve considerar outros fatores essenciais. Entre eles estão a preferência do médico responsável, os riscos individuais do paciente para câncer de tireoide, possíveis comorbidades, expectativa de vida e o impacto da ansiedade gerada pelo diagnóstico.

 

Ou seja, esse método busca garantir um equilíbrio entre a detecção precoce e a redução de procedimentos invasivos desnecessários, proporcionando maior segurança ao paciente.

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Acompanhamento

O ACR TI-RADS busca equilibrar a identificação de cânceres clinicamente relevantes com a necessidade de evitar biópsias e tratamentos desnecessários para pacientes com nódulos benignos ou tumores indolentes.

 

Para minimizar o risco de malignidades significativas permanecerem sem diagnóstico ao longo do tempo, recomendamos o acompanhamento ultrassonográfico regular.

 

Essa abordagem reduz substancialmente a chance de falhas na detecção e segue a tendência crescente de vigilância ativa (“espera vigilante”) para casos de câncer de tireoide de baixo risco.

 

O câncer de tireoide tem cura?

Felizmente, os tratamentos disponíveis permitem vencer a maioria dos casos de câncer de tireoide, garantindo um excelente prognóstico para a maioria dos pacientes.

 

Quando o tumor é muito pequeno – com menos de 1 centímetro –, o risco de crescimento ou disseminação é baixo. Nesses casos, o tratamento imediato pode não ser necessário.

 

Em vez disso, os médicos costumam recomendar acompanhamento regular, incluindo exames de sangue, ultrassom e avaliações físicas uma ou duas vezes ao ano. Em muitos pacientes, esse pequeno nódulo permanece inalterado e nunca exige cirurgia.

 

Nos casos que demandam intervenção, a tireoide pode ser parcialmente removida (tireoidectomia parcial) ou completamente retirada (tireoidectomia total).

 

Outros tratamentos variam conforme o estágio e o tipo do câncer de tireoide. As opções incluem terapia hormonal, ablação alcoólica, iodo radioativo, medicamentos direcionados, radioterapia externa e quimioterapia.

 

Manter-se informado é essencial para tomar decisões seguras sobre o tratamento. Sempre consulte seu médico para obter recomendações personalizadas.

E se eu for diagnosticado com um câncer de tireoide que necessite tratamento?

Se você recebeu o diagnóstico de câncer de tireoide e precisa de tratamento, pode sentir insegurança sobre os próximos passos. Isso é totalmente compreensível, pois cada pessoa descobre sua própria maneira de lidar com essa situação.

 

Enquanto busca o que funciona melhor para você, experimente algumas estratégias: informe-se ao máximo para tomar decisões conscientes sobre seu tratamento.

 

Além disso, conecte-se com outros pacientes. Trocar experiências com pessoas que enfrentam desafios semelhantes pode ser extremamente valioso. Também é essencial cuidar da sua saúde e adotar hábitos que fortaleçam seu corpo durante e após o tratamento:

  • Priorize uma alimentação equilibrada, rica em frutas e vegetais variados. Os alimentos frescos, vindos diretamente da natureza, oferecem nutrientes essenciais para reforçar a imunidade.
  • Dê ao seu corpo o descanso necessário. Procure dormir pelo menos sete horas por noite, preferencialmente entre 22h e 23h
  • Inclua atividades físicas orientadas sempre que possível. O músculo em movimento produz irisina, um hormônio que estimula o sistema imunológico e auxilia no combate às células cancerígenas.

 

Por fim, entenda, receber um diagnóstico de câncer pode ser assustador, mas lembre-se de que, na maioria dos casos, esse tipo de câncer tem tratamento. Se precisar de mais informações, consulte seu médico para orientações personalizadas.