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Se você já emagreceu, comemorou e meses depois viu o peso voltar, às vezes até maior saiba que isso não é falta de força de vontade.
A verdade é que isso é biologia, ou seja, o seu cérebro tem memória do seu maior peso e, silenciosamente, trabalha para que você volte a ele. Esse mecanismo é conhecido como peso set point, e entender como ele funciona é essencial para quem quer emagrecer de forma sustentável.
Neste artigo, você vai entender por que o corpo “luta” contra o emagrecimento, qual o papel do cérebro nisso tudo e o que realmente ajuda a reduzir o risco de reganho de peso. Para saber mais, continue a leitura!
O que é peso set point?
O peso set point é como um “termostato” interno que regula o peso corporal. Assim como o corpo mantém a temperatura estável, ele também tenta manter o peso dentro de uma faixa considerada segura para a sobrevivência.
Quando você atinge um peso mais alto por um período prolongado, o cérebro passa a reconhecer esse número como o “normal”. A partir daí, qualquer tentativa de emagrecer é interpretada como uma ameaça e o corpo reage para recuperar o peso perdido.
Por que o cérebro guarda o maior peso?
Do ponto de vista evolutivo, isso fazia todo sentido. Durante a maior parte da história humana, a escassez de comida era uma ameaça real. Afinal de contas, sobrevivia melhor quem conseguia armazenar energia.
O cérebro, especialmente o hipotálamo, foi programado para: defender reservas de gordura, evitar perda rápida de peso e garantir energia para o futuro. Dessa forma, quando você emagrece, o cérebro não entende como “sucesso”. Ele entende como risco de fome, principalmente em caso de pessoas que enfrentam a obesidade há muito tempo.
O papel dos hormônios no reganho de peso
Dois hormônios são centrais nessa história: Leptina e Grelina. Em suma, a Leptina é o o hormônio da saciedade e quanto maior a quantidade de gordura corporal, mais leptina o corpo produz.
Quando você inicia o processo de emagrecimento, os níveis desse hormônio caem, diminuindo a saciedade e aumentando a fome. É nesse momento que o cérebro entende isso como um alerta.
Já a Grelina é conhecida como o hormônio da fome e após a perda de peso ela aumenta, se mantendo elevada por meses ou até mesmo anos. Dessa forma, você passa a sentir mais fome do que sentia antes de engordar. Isso significa que você passa a comer mais e com menos sinal de saciedade.
Outro ponto importante é que metabolismo mais lento contribui pra esse processo, já que além da fome, o corpo passa a economizar energia. O metabolismo basal diminui e o corpo passa a gastar menos calorias em repouso. As atividades do dia a dia consomem menos energia e mesmo comendo na mesma quantidade, o gasto é menor e facilita o ganho de peso.
[caption id="attachment_35352" align="aligncenter" width="1800"] O peso set point é o sistema que faz o organismo defender um peso considerado seguro, aumentando a fome e reduzindo o gasto calórico após o emagrecimento.[/caption]
Por que dietas restritivas pioram o efeito sanfona?
Dietas muito restritivas acabam acelerando os mecanismos de defesa do organismo. Quando o emagrecimento acontece rápido demais, a queda da leptina é mais intensa, a grelina aumenta de forma significativa e o metabolismo desacelera como resposta. O resultado costuma ser previsível: uma perda de peso rápida, seguida de reganho igualmente rápido, muitas vezes maior do que o peso inicial. Por isso, o efeito sanfona não é exceção, mas o desfecho mais comum das dietas extremas.
De certa forma, o cérebro realmente “luta” contra o emagrecimento. Não por sabotagem, mas por proteção. O problema é que ele não foi atualizado para o mundo moderno, em que alimentos ultraprocessados são abundantes, o estresse é constante, o sono é irregular e o movimento é cada vez menor. Esse ambiente favorece o ganho de peso e, depois, o cérebro faz de tudo para manter esse peso como se fosse o novo normal.
A ideia de peso set point ajuda a entender esse processo. Ele não é totalmente fixo, mas é resistente a mudanças rápidas. Reduzi-lo exige tempo, constância e estratégia. Emagrecimentos graduais provocam menor reação hormonal, e a manutenção do novo peso por meses, ou até anos, ajuda o cérebro a aceitá-lo como referência. A construção de massa muscular também é essencial, pois melhora a sensibilidade à leptina e aumenta o gasto energético.
Além disso, sono de qualidade e controle do estresse são fatores decisivos, já que a privação de sono e o estresse crônico aumentam a fome e dificultam o controle do peso. Em alguns casos, o acompanhamento médico e o uso de estratégias terapêuticas podem ser indicados para ajudar a modular esses mecanismos biológicos e tornar o processo mais sustentável.
Entender o peso set point muda completamente a forma como o emagrecimento é encarado. A pessoa deixa de se culpar, compreende que perder peso não é apenas “comer menos” e passa a buscar estratégias consistentes, em vez de atalhos. Emagrecer é difícil não porque alguém falha, mas porque o corpo foi biologicamente programado para resistir.
Considerações finais
O seu cérebro guarda memória do seu maior peso porque ele acredita que isso é segurança.Toda vez que você emagrece, ele aciona mecanismos para trazer você de volta àquele número, aumentando a fome, reduzindo o gasto calórico e favorecendo o reganho de peso.
Entender o conceito de peso set point é fundamental para sair do ciclo do efeito sanfona e construir uma relação mais estratégica, e menos punitiva, com o emagrecimento.
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Em resumo
O que é o set-point no controle do peso?
É o mecanismo biológico pelo qual o cérebro regula uma faixa de peso corporal, ajustando fome, saciedade e gasto energético para manter esse peso estável.
O que é um set point?
É um ponto de referência que o organismo tenta manter constante, como temperatura ou peso, acionando respostas automáticas quando ocorre variação significativa.
Quem tem 1,70 de altura pesa quanto?
Não existe peso único. Para 1,70 m, o peso saudável varia conforme biotipo, composição corporal e sexo, geralmente entre 54 kg e 72 kg.