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O uso de medicamentos modernos para perda de peso e controle glicêmico tem crescido rapidamente nos últimos anos. Entre esses fármacos, o Mounjaro, cujo princípio ativo é a tirzepatida. tem ganhado destaque tanto pelo potencial de emagrecimento quanto pelo impacto que pode ter na saúde reprodutiva de mulheres em idade fértil.
Neste artigo vamos explorar o que a ciência sabe sobre Mounjaro e gravidez, como o medicamento pode influenciar a fertilidade, o que dizem autoridades médicas e, especialmente, o recente caso da ex-BBB Laís Caldas, que engravidou mesmo usando contraceptivo durante o tratamento. Para saber mais, continue a leitura!
O que é Mounjaro e como ele funciona
Mounjaro é um medicamento injetável aprovado inicialmente para o tratamento de diabetes tipo 2 e posteriormente reconhecido por seu potencial de perda de peso, atuando como um agonista dos receptores de GLP-1 e GIP (peptídeos que regulam a glicose e o apetite). Ele funciona estimulando a liberação de insulina em resposta à glicose, reduzindo a liberação de glucagon e retardando o esvaziamento gástrico, o que diminui o apetite e promove saciedade prolongada. Esses mecanismos o tornam eficaz no controle da glicemia e na redução de peso corporal.
Vale destacar que apesar de seus efeitos terapêuticos desejáveis, a tirzepatida, o ingrediente ativo, ainda tem dados limitados sobre seu uso em populações específicas, incluindo mulheres grávidas ou que desejam engravidar.
O que a ciência diz sobre Mounjaro e gravidez
Além de todas as questões referentes ao uso do medicamento para o controle da obesidade, outros questionamentos surgem com relação à possibilidade de gavidez. Veja o que diz ciência:
Dados clínicos insuficientes
Atualmente, não há estudos clínicos robustos que avaliem a segurança do uso de Mounjaro em mulheres grávidas. Além disso, gestantes geralmente são excluídas de ensaios com novos medicamentos, o que significa que as evidências diretas em humanos são escassas ou inexistentes. Isso deixa médicos e pacientes confiando em dados de animais e estudos observacionais limitados para orientar decisões.
Os registros de estudos com animais demonstraram que a exposição à tirzepatida durante períodos críticos de desenvolvimento pode levar a reduções no crescimento fetal e anomalias em espécies como ratos e coelhos. Esses resultados levantam preocupação, embora não seja possível extrapolar diretamente para humanos sem mais dados específicos.
[caption id="attachment_35359" align="aligncenter" width="1800"] Casos de gravidez durante o uso de Mounjaro chamam atenção para a interação do medicamento com anticoncepcionais orais.[/caption]
Risco versus benefício
As bulas e orientações das agências reguladoras, como a FDA nos EUA ou órgãos correspondentes em outros países, atualmente recomendam que Mounjaro seja evitado durante a gravidez, a menos que o benefício potencial da mãe justifique claramente o risco para o feto, algo que é raramente considerado favorável neste contexto.
Além disso, não se sabe se a tirzepatida pode causar malformações ou efeitos adversos no desenvolvimento humano, uma vez que faltam dados clínicos humanos para essa avaliação.
O consenso geral de especialistas é que a exposição de gestantes ao fármaco deve ser evitada e que, se a gravidez ocorrer durante o uso, o medicamento deve ser interrompido imediatamente.
Mounjaro pode afetar a fertilidade ou as chances de engravidar?
Hoje, não se sabe com certeza se Mounjaro afeta diretamente a fertilidade humana. As informações disponíveis são insuficientes, e a maioria dos dados vem de estudos em animais ou relatos clínicos observacionais. Alguns estudos com animais não mostraram um impacto direto claro sobre a fertilidade masculina, mas sinais de alterações no ciclo reprodutivo feminino foram observados em doses elevadas.
Melhora metabólica pode favorecer ovulação
De forma indireta, muitas mulheres com obesidade, resistência à insulina ou síndrome dos ovários policísticos (SOP) podem experimentar uma melhora na ovulação e nos ciclos menstruais à medida que perdem peso e regulam seu metabolismo.
Para algumas, isso pode traduzir-se em um aumento nas chances de engravidar, sobretudo se a irregularidade menstrual era um obstáculo anterior à concepção. Essa melhora não é resultado direto da tirzepatida em si, mas sim de mudanças metabólicas associadas à perda de peso induzida pelo medicamento.
Interferência com contraceptivos orais
Um aspecto importante e documentado é que Mounjaro pode reduzir a eficácia de pílulas anticoncepcionais orais. Isso ocorre porque a tirzepatida retarda o esvaziamento gástrico, afetando a absorção de medicamentos orais, incluindo hormônios contraceptivos.
Além disso, autoridades sanitárias recomendam que mulheres que usam pílulas anticoncepcionais e começam a terapia com Mounjaro considerem métodos contraceptivos alternativos (como DIU ou preservativos) ou, pelo menos, utilizem uma método de barreira adicional durante as primeiras semanas de uso e após ajustes de dose.
O caso da Laís Caldas: gravidez durante o uso de Mounjaro
Recentemente, a médica e ex-participante do Big Brother Brasil, Laís Caldas, anunciou sua gravidez nas redes sociais. Na ocasião, ela contou que fazia uso de Mounjaro enquanto utilizava anticoncepcional oral de forma regular. Segundo a própria Laís e reportagens da imprensa, a gestação teria ocorrido devido à interação da tirzepatida com a pílula anticoncepcional.
De acordo com o relato, o medicamento pode ter interferido na absorção do hormônio contraceptivo. Com isso, a proteção falhou, a ovulação aconteceu e a gravidez se confirmou, mesmo com o uso correto do método. O caso chamou atenção justamente por mostrar, na prática, um efeito já descrito em alertas médicos sobre o uso do Mounjaro.
A repercussão foi imediata nas redes sociais e entre especialistas. Embora se trate de um caso individual, ele reforça a importância de avaliação médica personalizada ao iniciar o tratamento com Mounjaro. O cuidado deve ser ainda maior entre mulheres em idade reprodutiva que não desejam engravidar, especialmente na escolha do método contraceptivo mais adequado.
Recomendações para quem planeja engravidar
Especialistas sugerem que mulheres que desejam engravidar suspendam o uso de Mounjaro antes de tentar concepção. Algumas orientações clínicas recomendam a interrupção pelo menos um mês antes de tentar engravidar para permitir que o medicamento seja eliminado do corpo.
Antes de iniciar ou interromper qualquer medicamento, é fundamental conversar com um ginecologista ou endocrinologista. Eles podem orientar sobre os melhores métodos contraceptivos, o momento mais seguro para tentar engravidar e as estratégias alternativas de controle de peso ou glicemia que não afetem a gestação.
Uma vez que a gravidez seja confirmada, se houver exposição prévia ao Mounjaro, é importante que a gestante informe seu obstetra imediatamente para que seja feito acompanhamento adequado. Isso também inclui monitorar a glicemia, peso e possíveis efeitos metabólicos que possam influenciar a gestação.
Considerações finais
O uso de Mounjaro e a gravidez envolve uma área complexa da medicina atualmente marcada por lacunas de pesquisa e incertezas. Não há evidências conclusivas de que o medicamento cause infertilidade. Entretanto ele não é recomendado durante a gestação e pode reduzir a eficácia de contraceptivos orais. Dessa forma, há um aumento no risco de gravidezes não planejadas.
Casos como o da ex-BBB Laís Caldas destacam a importância de orientação médica e cuidados com métodos contraceptivos enquanto se utiliza esse tipo de tratamento. Se você está considerando usar Mounjaro e pode engravidar, converse com seu médico para tomar decisões seguras e alinhadas ao seu plano reprodutivo.
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